A Administração do Porto de Aveiro (APA) realizou, ontem, uma conferência de imprensa, com vista a apresentar o programa comemorativo dos 200 anos da abertura da Barra de Aveiro, que se assinalam no próximo dia 3. Nesse dia, destaque para a apresentação da obra «Porto de Aveiro: Entre a Terra e o Mar» e para a inauguração de uma exposição de cartografia, intitulada «A Barra e os Portos da Ria de Aveiro 1808 – 1932, no Arquivo Histórico da Administração do Porto de Aveiro», que ficará patente na antiga Capitania do porto de Aveiro. A apresentação do livro estará a cargo de Veloso Gomes, engenheiro hidráulico, e de Inês Amorim, professora de História na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. A historiadora é, também, comissária da exposição, a par com João Garcia. Os dois especialistas foram responsáveis por inventariar, durante mais de um ano, parte do espólio do arquivo do Porto de Aveiro, tratando-se a APA da única administração portuária a proceder a este tipo de trabalho.
Alguns dos documentos e peças deste arquivo foram já disponibilizados a outras entidades, nomeadamente, ao pelouro da Cultura da autarquia aveirense e ao Museu Marítimo de Ílhavo.
Ao final da tarde deste dia, terá lugar o Roncar do Farol, com honras a Terra, por navios da armada, seguindo-se a apresentação da peça musical propositadamente criada para assinalar esta data. A música será interpretada pelo Coro da Casa do Pessoal com Quinteto de Sopro.
O fim do dia, que será aberto a toda a comunidade, conta com um concerto da Banda da Armada, a ter lugar no Centro Cultural e de Congressos de Aveiro. As comemorações prolongam-se pelo resto do ano, com a realização de actividades várias, das quais se destaca uma conferência internacional sobre «Obras Marítimas e Portuárias», no dia 30 de Maio. Este encontro contará com a presença de representantes de projectos em curso neste âmbito, do Dubai e de Sevilha.
A 14 e 15 de Junho, terá lugar a Regata dos 200 Anos de Abertura da Barra de Aveiro, e de 20 a 23 de Setembro, a Tall Ships Race Regata, que parte de Falmouth em direcção ao Funchal, escalando no porto de Aveiro, numa parceria entre a APA e a autarquia ilhavense.
Obras rondam os 30 milhões
O presidente da APA, José Luís Cacho, esclarece ontem que foi realizado um estudo prévio para definir a solução técnica a ser implementada ao nível da obra marítima de prolongamento do molhe Norte do porto, e que esta será, agora, objecto de um projecto de execução, adiantando que o custo desta obra oscilará entre os 20 e os 30 milhões de euros. Quanto ao seu arranque, o responsável assegura que: «Estamos a fazer todos os esforços no sentido de conseguir que a obra tenha início ainda no final deste ano, ou princípio do próximo», sublinhando que, para uma obra desta dimensão, «é sempre preciso dois Invernos, como se costuma dizer na gíria da engenharia».
O objectivo desta obra é, segundo José Luís Cacho, aumentar a capacidade do porto de Aveiro no que respeita à dimensão dos navios que recebe, tanto ao nível de comprimento, como de calado. Com estas construções, passará a poder acolher navios até 200 metros de comprimento. «É um processo evolutivo, mas a obra está direccionada para esse objectivo, tal como já temos vindo a crescer no calado dos navios». Este está relacionado com as quotas dos fundos do canal, sendo, actualmente, de -11 metros. «Este ano, vamos efectuar uma dragagem que permitirá aumentar o calado da Barra para -12,5 metros». O presidente desta administração portuária reitera que o objectivo estratégico do porto passa por «alargar o seu forland». Com isto, «procuramos atingir novos mercados» que, até hoje, não se encontravam no seu horizonte, principalmente, o africano e o asiático. No que diz respeito ao concessionamento do terminal de contentores, que está previsto para 2010, «já temos alguns contactos internacionais interessados em investir na nossa plataforma logística». José Luís Cacho aguarda pela conclusão da ligação ferroviária ao porto, que considera ser determinante para o sucesso desta operação. Quanto à sua conclusão, esta encontra-se dentro do prazo estabelecido pelo Governo, ou seja, o final do próximo ano.
Porto com quebra de movimento
A administração refere que o movimento do Porto de Aveiro registou «uma ligeira quebra» no ano passado, relativamente a 2006, que se traduz em cerca de dois por cento. De acordo com José Luís Cacho, esta quebra foi motivada pela diminuição do movimento da carga geral, sendo que os granéis alimentares registaram uma quebra acentuada, o que o administrador justifica com os efeitos da globalização. A expectativa para este ano consiste em «retomar os ritmos de crescimento que se têm verificado nos últimos anos», mostrando-se confiante em atingir um crescimento de dez por cento, «que seria um resultado histórico para o porto de Aveiro». Essa evolução assenta na «retoma da carga geral que se tem vindo a perder», na implementação de novos projectos agro-alimentares, designadamente, o da Socarpor, que «pode trazer tráfego novo ao porto», e no crescimento dos granéis líquidos, com a entrada em funcionamento dos projectos da BP e da Martifer.
Apesar da quebra registada, José Luís Cacho considera que: «2007 foi um ano que excedeu as expectativas iniciais, porque conseguimos cumprir todos os objectivos a que nos tínhamos proposto». A este respeito, o presidente da APA refere que estes chegaram mesmo a ser ultrapassados, do ponto de vista financeiro, contrariando o ritmo que se registou até 2005. «Conseguimos recuperar e entrar num processo de estabilização, que precisará de ser consolidado nos próximos anos», frisa, dando o exemplo de que a execução desta obra de ampliação «não era possível há três anos atrás». Congratulando-se com o volume de negócios atingido, que foi de 12 milhões de euros, José Luís Cacho lembra que, no passado, o porto sustentava-se pela receita proveniente da comercialização de inertes, sendo que, hoje em dia, os seus resultados provêm, maioritariamente, das receitas de exploração, a actividade principal da empresa.
Fonte: Diário de Aveiro.
Fotos: Porto de Aveiro
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