quarta-feira, 2 de abril de 2008

“Hum segundo dia de creação”


“reúnam-se as águas que estão debaixo dos céus, num único lugar, a fim de aparecer a terra seca”
(Antigo Testamento, Génesis, 1-9).

“Hum segundo dia de creação” é a expressão entusiasta com que o engenheiro Luís Gomes de Carvalho saúda o Rei e a Corte, ausentes no Rio de Janeiro, face à ocupação de Portugal pelos exércitos napoleónicos. A carta que lhes dirige (doc.15.2) traduz o cumprimento de expectativas, acalentadas há muito, e o momento de glória, perante o sucesso da abertura da barra de Aveiro, a 3 de Abril de 1808.
A linguagem bíblica identifica a ocasião. “Creação”, por querer cortar com o passado de dificuldades, num processo de mudanças, sem paralelo: hum segundo dia de creação [criação] em que se operou, como por hum prodigio huã [uma] conveniente e necessaria separação das agoas e dos terrenos que estavão [estavam] na mais fatal confusão “Segundo dia…” confere-lhe a componente sobrenatural, equiparável à Criação Divina, tal como narra o texto bíblico “reúnam-se as águas que estão debaixo dos céus, num único lugar, a fim de aparecer a terra seca” (Génesis 1-9). Se o momento é de vitória, é-o, ainda mais, por favor régio, como a Criação do Universo fora uma atenção Divina. Desta forma, a analogia entre o rei e Deus impõe-se.

Num traço característico da época, um rei iluminado, encarna o culminar de uma feliz cadeia da atenção paternal dos monarcas, sublime deferência para os que viviam do porto, dos portos da Ria e dos seus recursos.


Fonte: Porto de Aveiro - Newsletter n.º 129

2 comentários:

artes_romao disse...

Boa tarde!!
mas que bela ideia, estas das 7 maravilhas de Aveiro...
mas gostava de eleger 7 e nao apenas 1
parabéns por esta iniciativa...
continuaçao d

Bauhinia disse...

ola...

Eu por mim não escolhia 7, acho que escolhia todas elas... ;)